A verdade que dói

Existem as meias-verdades, que são como os bálsamos, aliviam os sintomas, mas não curam os males. Existem as mentiras, não aliviam nem curam, enganam, fazem crer aos doentes que eles não padecem de mal algum, iludem-nos. Existem as verdades, são doloridas, curam quando os males, os padecimentos são curáveis, e são cruéis quando não há uma cura.

Nossa democracia não funciona porque nosso povo é inculto. É uma dessas verdades que doem. Muitos se escusam de proferí-la, muitos tentam "dourar a pílula", sofismas, mas essa é a verdade incontestável. Para bem ser exercida, a democracia exige participação, mas participação engajada, de quem sabe o que está fazendo naquela urna, de quem sabe as conseqüências do seu ato.

A incultura é política e está mesmo dentro dos ditos cultos, porque mesmo dentro destes há os que não se interessam, os "analfabetos políticos de Brecht", os analfabetos funcionais, porque ostentam diplomas que atestam uma formação que seus titulares não possuem. E há, é claro!, a grande massa ignara - talvez a menos responsável - que se vende por um prato de comida.

E essa é a grande verdade, sem meias palavras, que dói, mas tem que ser dita.